Viagem no Tempo - Exposição de Pintura de Teresa Mendonça
Sobre
A Arte é sempre a subtileza da nova realidade, a retirada das cortinas do mundo visual e a reflexão do espaço misterioso. Não há Arte sem mistério.
Mas Teresa Mendonça não está de forma alguma ocupada com um estudo da natureza e muito menos tenta dar uma impressão óptica de uma paisagem concreta.
“Absorver-me no espaço natural” diz a artista, “ajuda-me a encontrar um espaço metafísico e alternativo”.
Ao fazer isto, o olhar sensível da artista escolhe de entre a vasta multiplicidade de linha e cores existentes, unicamente aqueles motivos orientadores que a atraem pela sua novidade e lhe suscitam vagas e excitantes associações.
A cor densa da têmpera, enquanto material que veicula a cor, parece emanar, algures de dentro, abrindo caminho através da superfície abstracta da tela branca e exigindo uma estética das relações cromáticas completamente diferentes, provocando na artista, audaciosas improvisações e fortes impulsos no seu trabalho de concentração, frente ao cavalete no seu atelier, fazendo-a elaborar obras autónomas de grande expressividade e forte intensidade criadora.
O mundo da cor vai assim ganhando forma, coincidindo com o universo artístico de Teresa Mendonça. Nele as formas do micro e do macro-mundo flúem incessantemente em conjunto e coexistem com os elementos de diferentes dimensões, volumes e planos, nas mais diversas configurações.
Uma tal composição capta inevitavelmente uma parte acidental do infinito.
De um modo semelhante a uma membrana celular, os seus trabalhos permitem-lhe levar a cabo, uma espécie de troca energética com o mundo externo.
Todas as obras deste seu ciclo, são variações do mesmo motivo paisagístico.
O cenário de tal tarefa está ligado a uma tentativa de encontrar todas as soluções possíveis para pintar uma única ideia textual através do enriquecimento da gama de associações com ecos do passado e do presente.
Nestes seus quadros o elemento de abstracção é claramente intensificado.
Teresa Mendonça, alcança os mais variados e inesperados efeitos utilizando um arsenal de meios pictóricos.
Por vezes a artista domina a massa de cores; outras vezes, é ela quem se submete à sua fúria tempestuosa.
A multiplicidade dos modos como Teresa Mendonça concebe os seus quadros, oferece-nos o testemunho da luta da artista com a tela.
Uma reincarnação mágica, parece ter lugar mesmo perante os olhos dos espectadores.
É desta capacidade de sofrer fantásticas transformações, que a massa de cores está dotada, na sua subordinação à vontade duma criadora que se chama Teresa Mendonça e cujas obras são particularmente atraentes e inimitáveis.
Álvaro Lobato de Faria
Director Coordenador do MAC
Movimento Arte Contemporânea
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