O Urso - Uma farsa em 1 ato

Sobre

Urso (Medved) foi publicada e encenada em 1888, com o subtítulo de “Farsa em um ato”. É representante do género vaudeville, com diálogos cortantes e rápidos, que aludem a letras de canções populares, quebra de móveis, e emoções exageradas que rapidamente se transformam antagonicamente. Uma comédia de costumes que brinca com a guerra dos sexos, ao mesmo tempo, que expõe as mazelas de uma sociedade regida por uma moral rígida e repressiva. A peça, com três personagens, reflete e ironiza discursos liberais, especialmente os ligados à questão feminina, uma vez que a peça é sobre um credor, Smirnov (tão rude, que é chamado de urso) que tenta cobrar a dívida deixada pelo marido de uma viúva – Elena Popova, disposta a passar o resto de seus dias como tal, mas que, no final, acaba envolvendo-se com ele, apesar das brigas e conflitos entre os dois. Tchékhov mostra aqui “quão fina é a linha que separa a fúria da paixão, o quanto emoções intensas podem misturar-se umas às outras”. (McNABB, 2003, p. 4) Toda a peça vive da linguagem corporal, da comicidade das formas e dos movimentos dos atores, com gestos precisos e delicados para falar da natureza inquietante do ser humano. Valorizando a riqueza das imagens do texto, trabalha-se essencialmente com o ritmo e a sonoridade de cada palavra.

Lilia Maria Ferreira Silva