Marino Formenti

Sobre

A combinação rara de emoção e inteligência em Marino Formenti definem-no como um dos músicos mais interessantes da sua geração. Na sua actividade, o foco no repertório contemporâneo vai amiúde de par com uma reflexão sobre o repertório clássico e sobre as conexões entre os diferentes estilos e backgrounds musicais, incluindo música exterior à tradição ocidental e formas de música popular (“Nowhere”, “One to One”, “Nothing is Real”, “The Party”, “Torso”).

Elogiado pelo Los Angeles Times como “um Glenn Gould para o séc. XXI”, o seu gosto por experimentar combinações novas e inesperadas levou-o a desenvolver projetos únicos e formatos alternativos de concertos. Nos recitais “Kurtág’s Ghosts” e “Liszt Inspections”, Marino Formenti propõe um fluxo contínuo de diálogo entre diferentes obras e diferentes repertórios: uma abordagem de uma novidade bastante radical, aclamada no Lincoln Center de Nova Iorque, no LACMA, no Wigmore Hall de Londres ou no Festival de Lucerna. Joshua Kosman, do San Francisco Chronichle,escreveu sobre “Kurtág’s Ghosts“: “Formenti parece decidido a fazer pelo recital de piano o que James Joyce fez pelo romance. Os resultados foram inesquecíveis”. “Liszt Inspections” foi nomeado uma das melhores performances de 2015 pelo jornal New York Times, entre as melhores gravações de 2014, para a revista New Yorker, obtendo ainda um “Diapason d’Or“ e a inclusão na “Forbes CD of the Month“, em 2015.

A exploração (dos limites) da experiência musical levou Marino Formenti a conceber configurações musicais cada vez mais radicais. Em “Nowhere“, apresentado no Berlin Festival, no BoCa Lisboa e no Teatro Colón, em Buenos Aires, o músico toca, dorme e come durante várias semanas num espaço aberto ao público e em transmissão contínua através de streaming. O objetivo é perscrutar o tempo, o espaço, o som e a comunicação musical a uma escala diferente, ao som de Bach, Feldman, Cage e das suas próprias improvisações.

“One to One”, um projecto produzido originalmente para a Art Basel 2013, proporcionava um encontro musical de 2 horas com um só espectador de cada vez; o inusitado e íntimo set-up foi posteriormente expandido para um blind-date de 24 horas em “Sete Estudos de Comunicação e Musicalidade “, na Fundação Haubrock, em Berlim.

Num dos seus últimos projetos, o filme “Schubert und Ich”, Marino Formenti ensaia e acompanha ‘Lieder’ de Franz Schubert com pessoas comuns, guiando e inspirando-as a descobrir a sua própria interpretação.

Marino Formenti já se apresentou nos festivais de Salzburgo, Lucerna, Edimburgo, Schleswig-Holstein, Ravinia e Aspen, tendo também tocado nas mais prestigiadas salas de concerto de Berlim, Viena, Paris, Londres, Zurique, Tóquio e Los Angeles. Tem sido convidado por importantes instituições artísticas e festivais de artes performativas como o Palais de Tokio, em Paris, a Mumok Vienna, o Portikus, em Frankfurt, ou a Fundação Gulbenkian, em Lisboa. Enquanto solista, já se apresentou com as filarmónicas de Nova Iorque e Los Angeles, a Filarmónica de Munique, a Orquestra de Cleveland ou a Orquestra de Câmara Gustav Mahler, tendo trabalhado com maestros como Franz Welser-Möst, Esa-Pekka Salonen, Gustavo Dudamel, entre outros.

Ele próprio maestro, dirigiu concertos no Teatro Scala de Milão, na Salle Pleyel, em Paris, e no Auditorium Parco della Musica, em Roma. Concebeu e liderou outros projetos no Festival Wien Modern, no Festival de Ravenna, nos cursos de verão de Darmstadt e em Los Angeles, Chicago, Viena e Salzburgo, entre outras cidades.

Marino Formenti trabalhou de perto com alguns dos maiores compositores do nosso tempo como Salvatore Sciarrino, György Kurtág, Helmut Lachenmann, Georg Friedrich Haas e Beat Furrer.

Pela sua carreira musical foi-lhe atribuído, em 2009, o Prémio Belmont de música contemporânea, pela Fundação Forberg-Schneider, de Munique.

* Concerto integrado no Festival de Música dos Açores - Jazzores 2017