?A Formiga? da Mariana Cortez Herédia no CMC
Sobre
A exposição de desenho da artista visual é inaugurada esta quinta-feira, pelas 18h30, na Galeria do CMC
Em exposição estão 46 desenhos que resultam de uma pesquisa “natural”. Como é descrito no texto de apresentação da mostra, o ponto de partida é a própria natureza que cresce em volta do lugar que habita e que, naturalmente, faz (a natureza) o seu percurso sem intervenção humana. Chagas, agapantos, acantos, heras, vinha virgem, malmequeres, rosas e muitas ervas muito menos identificáveis, crescem em campos desocupados da propriedade que está à venda e que ela ocupa entretanto. O estatuto se não de “casa abandonada”, pelo menos de casa desocupada que está entre dois momentos levará Mariana a uma espécie de não existência que lhe terá dado esta liberdade interior de representação desse universo próximo (pessoal), diz Tomás Colaço. O tempo passa no “Lameiro” (o nome da quinta) devagar, para Mariana, o que lhe permite observar (como diz a própria) como uma formiga, como outro ser que se embrenha na folhagem passando por cima e por de baixo observando de outras formas os mesmos elementos. Estas metamorfoses pessoais que, conforme diz a artista, permitem transformar não apenas a observação como toda a apreensão da natureza próxima, muito próxima, espontânea, autónoma e natural. Um jardim deixado ao seu próprio destino com alguns vestígios de ter sido cuidado (muito cuidado), amado, transformado, conduzido, aperfeiçoado e contido. Aqui a artista expande-se de alguma forma, com as plantas dos jardins e ganha braços, diferentes direcções e orientações, que transformam a visão numa espécie de teia ou de um papel de parede que volta a sair do formato a partir de pequenos detalhes inesperados. Um trabalho que resulta numa série de o que se poderia dizer paisagens vistas de muito perto ou vistas de dentro para fora evocam os campos inexpugnáveis (por humanos) do Lameiro. A visão-formiga permitirá vistas por debaixo de toda a vegetação e como fundo, naturalmente, o céu no lugar da terra numa visão mais natural do lado humano. Uma permanente surpresa e uma profunda subtileza de formas e detalhes que podem representar ou reflectir os próprios cheiros, sensações e reformular as experiências pessoais do espectador através da sugestão do desenho. A artista trabalha com muita naturalidade e o que se vê surpreende por isso mesmo. Uma série de desenhos que espelham uma vivência profunda de um lugar. Um lugar que é a sua própria morada, de muito perto, mas será simultaneamente uma representação de nada menos do que todo o universo. Mariana Cortez Herédia é natural de Lisboa e tem formação em Belas Artes. A exposição pode ser apreciada até 7 de janeiro de 2017 no normal horário de funcionamento do Centro Municipal de Cultura de Ponta Delgada.
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