2ª edição do SMOG | Poesia, de 17 a 21 de março

Sobre

Para celebrar o Dia Mundial da Poesia, o Instituto Açoriano de Cultura leva a cabo a 2ª edição do SMOG | Poesia, de 17 a 21 de março.

Não sabemos nem queremos definir a poesia. Com o termo smog sublinhamos isso mesmo, a riqueza e a multiplicidade da poesia, cujos contornos, qual sfumato, se diluem dentro de cada leitor, dentro de cada ouvinte.

Assim, numa ilha onde as nuvens são uma presença encantatória e quotidiana, queremos celebrar essa arte de, com as palavras, se fazer música e se desconstruir imaginários.

Queremos, também, recordar alguns poetas açorianos, como Pedro da Silveira, Natália Correia, J. H. Santos Barros, Mário Machado Fraião, Marcolino Candeias. E poetas de outros lugares. Porque a poesia tem tanto de individual e local, como de universal.

Sendo a poesia uma das mais antigas formas de expressão artística, anterior à escrita, em verso se narraram os feitos e os valores humanos das civilizações antigas. Versos e palavras que ainda hoje encantam, que ainda hoje nos desafiam. Por isso e em jeito de celebração do espírito urbano, escolhemos uma vez mais Angra do Heroísmo, a mais antiga cidade açoriana (desde 1534), para essa aventura.

Angra, cidade redonda, de “geometria orgânica”, que abraça o mar, Património Cultural da Humanidade, é, pois, o palco do Smog |Poesia de 2022.

Angra é quotidianamente percorrida por gente de toda a ilha e por gente de outras ilhas e lugares, pelo que celebramos não só a ilha Terceira e o arquipélago dos Açores, como também a língua portuguesa, pátria de poetas de diferentes países.

O mar, essa grande massa de água que temos diariamente diante dos olhos e que tantos e tão variados poetas têm cantado, é também celebrado nesta edição do Smog | Poesia.

Porque achamos que a poesia tem tanto de celebração e tradição, como de excesso e desassossego, assinalamos ainda o seu lado insólito e transgressor e essa dimensão, tão constante entre nós, do escárnio e maldizer, bem como a dimensão erótica. E realçamos essa sua outra característica, a de ser generosa e rica em esperança, levando-a até à prisão. E à escola.

Esta edição do Smog | Poesia acontece com um ano de atraso, por causa da pandemia que a todos nos confinou, que a todos coartou a liberdade. E regressa no mês da poesia e das árvores, para celebrar a arte de fazer versos, devolvendo a poesia de Marcolino Candeias (1952-2016) à cidade. Regressa para celebrar Pedro da Silveira (1922-2003), no centenário do seu nascimento e recordar o de Natália Correia (1923-1993) que está aí ao virar da esquina. Regressa para divulgar as poéticas de J. H. Santos Barros (1946-1983) e de Mário Machado Fraião (1952-2010). Ou para dar a conhecer livros novos de novos autores, como Madalena Ávila, Alexandre Borges, Vítor Teves ou Leonardo, e para debater a felicidade e a poesia feminina, pela voz de Ângela Almeida ou Luísa Ribeiro. Havendo ainda espaço para um diálogo entre dois poetas da nova geração açoriana, que trocarão argumentos sobre o que é isso de ser poeta e questões correlacionadas.

Renato Filipe Cardoso veste a pele de Sem Frei na Língua e traz-nos a sua Missa Maldita, uma viagem pelos interstícios da poesia de teor satírico, sarcástico, irónico, muitas vezes escatológico e profano, quando não herege e blasfemo. Uma performance que não se aconselha a pessoas sensíveis.

Zeca Medeiros leva-nos por outra viagem, com o seu filme “O livreiro de Santiago”, a da vida do corvino Carlos Jorge Nascimento, que foi o primeiro editor de dois autores chilenos premiados com o Nobel da Literatura, Gabriela Mistral e Pablo Neruda.

António Carlos Cortez, poeta, crítico literário, investigador e professor, seduz públicos diferentes, o escolar e o prisional, com poesia de diferentes ritmos e assuntos. E talvez possam, depois, concordar com Álamo Oliveira e dizer que a “a poesia é // quente”.